segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

UM PONTO DE VISTA SOBRE A CIDADE DE SÃO PAULO

Cada qual vê e vive a vida de sua cidade a sua maneira. Eu, por minha vez, dia a dia procuro apurar minha visão para vê-la por meio de suas formas. naturais ou não. Dia a dia busco o exercício do olhar como um fotógrafo ou um ensaísta que procura seus roteiros nas mazelas do cotidiano ou nas belezas de sua natureza ou formas. Vem e vão governos hipócritas os quais não tem outro compromisso se não encher seus bolsos. As cidades, maltratadas prosseguem com suas chagas cobertas por políticos como varejeiras. Não posso deixar de destacar o prefeito de São Paulo como um dos fatos mais espúrios pelo qual São Paulo teve de enfrentar nos últimos vinte anos. Ainda assim esta cidade resiste sob água, sol, fogo e porrada. “Política social” é o que dizem. Nada tira da minha cabeça que os incêndios em comunidades fazem parte dessas “políticas” de “limpeza urbana” da cidade como a que realizaram na cracolândia ou no “pinheirinho”, os quais, faço questão de lembrar, têm em comum a ausência de política social imposta pelo PSDB.
E sobre o olhar? O que sobra? 
Sobra olhar para o que restou da cidade que, embora objeto de enriquecimento e da total desatenção dos gestores perfumados, engravatados e com bolsos e cuecas recheados; continuam com suas belezas de suas respectivas histórias. Um passado brilhante e de glamour de homens melhores.
Escrevo com nojo dessa sociedade hipócrita que quando tem o seu momento, desperdiça sob o pretexto burguês de que nada e ninguém valem o seu voto. O resultado vem em seguida e talvez não para bom vivant dos jardins mas para os infelizes das eqüinas que se consomem com craque longe da vista dos moradores de Higienópolis, dos new hipongas da vila madá ou dos afortunados dos jardins.
Cada qual tem seu olhar e vê a vida de sua cidade a sua maneira. Embora seja um estúpido artista que procura, com seu olhar, identificar algo de positivo neste cenário de escárnio, me reservo o direito de ser crítico e ao mesmo tempo desenhar coisas belas dessa cidade.

RIO - COPACABANA VISTA DO FORTE

RIO - BAR BRASIL - LAPA

RIO - LIVRARIA TRAVESSA

RIO - JARDIM BOTÂNICO

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GRAVURAS

O gravado constitui uma das minhas principais formas de expressão. Fascinado pelos gravadores do expressionismo alemão, sempre imaginei alcançar a magia de reproduzir um desenho com a delicadeza de Otto Mueller (1874-1930) ou a crítica social de Grosz (1893-1959), Otto Dix (1891-1969), ou o próprio Ernst Ludwig Kirchner (1880–1938) fundador da Die Brücke * ( a ponte).
A forma gráfica definida pela gravura do expressionismo alemão não resultou, de maneira imediata, na tentativa de seguir a técnica. Ela se manifestou pelo Kiri -ê, no qual o artista realiza suas ilustrações por meio do gravado em papel. A técnica é originária da China onde é executada em papel de arroz e deve manter estrutura original do suporte.
Entretanto o que me interessou foi o resultado plástico obtido com a técnica, empregando papeis mais grossos e negros. A solução de superfícies e linha se assemelhava fortemente com as gravuras dos artistas alemães.

Em 1983 e 1987, realizei duas exposições com desenhos realizados com esta técnica no papel no Centro Cultural São Paulo e no Franz Café. Nesse período tentei a reproduzir os trabalhos por meio de serigrafia, os quais resultaram impressões surpreendentes. A partir de então, estas serigrafias passaram a me estimular a tentar uma gravação usando o mesmo método de impressão que utilizava para a xilogravura (impressão usando pressão por meio de uma colher sobre papel de arroz). Entretanto o sonho de usar papel como matriz, só veio se concretizar em 2008.
A técnica me fascinou uma vez que não era necessário grande recurso na compra de madeira ou goivas e, ao mesmo tempo, poderia ser praticada por qualquer pessoa. Para esta técnica bastava um bom estilete, um cartão (papel com 400g) e criatividade.
Evidentemente, a durabilidade da matriz de papel é muito menor que as demais matrizes convencionais. Entretanto, como já mencionei, é muito prática e com características expressivas particulares.
Tal como a xilogravura em cortes de topo ou de fio, a experiência com outros materiais, em decorrência de sua resistência ao corte das goivas, definem um resultado específico para a gravura. Algumas destas experiências podem ser vistas nas imagens abaixo.


*Grupo de artistas expressionistas alemães formado em1905 em Dresden

rosto de homem

rosto de homem
gravura com matriz de papel - 2008

homem

homem
Xilogravura - 2006

ribeirinha

ribeirinha
xilogravura - 1986

perfil

perfil
Xilogravura - 1984

mulher apoiada

mulher apoiada
gravura com matriz de papel - 2008

Sangue

Sangue
Foto Rogerio Bessa Gonçalves (2003) - Edifício Copan - Arq. Oscar Niemeyer - São Paulo

Balanço

Balanço
Foto Rogerio Bessa - 2004 - Museu Oscar Niemeyer - Curitiba

Foto Rogerio Bessa (2005) -Viaduto Sta. Efigênia - São Paulo

Foto Rogerio Bessa (2005) - São Paulo

Lilás

Lilás
Foto Rogerio Bessa - 2005 - Avenida São Luiz - São paulo

ontem

ontem
Foto Rogerio Bessa (2005) - São Paulo

sugar bread

sugar bread
Rio - 2008

copan

copan
Foto Rogerio Bessa (2005) - São Paulo