sábado, 23 de fevereiro de 2013

Azaração Midiática – parte 01

Azaração Midiática – parte 01

Há doze anos estive com a Cri em Cuba para a apresentação de um trabalho acadêmico em um congresso latino-americano. Chegamos a Havana às 22hs. Pela janela do avião observava uma cidade de, no máximo quinhentos mil habitantes quando na realidade havia 2,2 milhões.
Ao chegarmos, um bando de ‘brasileños’ bateram palmas quando o avião da Copa (panamenha) aterrou. Loirassas e suas caras-metades, com destino a Varadero.
Chegamos e fomos direto para um hotel na cidade para pernoitar e sairmos na manhã seguinte, com destino a Santiago de Cuba.
Antes da viagem procurei controlar mina apreensão como sempre faço em uma viagem internacional. No caso era muito mais que uma viagem internacional. O destino era um país com um regime político e econômico totalmente distinto de qualquer outro pais.
Acrescento, para bem informar, que não era um desconhecedor da história recente de Cuba. Já havia lido alguns livros, os quais estavam bem longe do ‘a ilha’ do Fernando Morais. Ainda assim, ao chegar, minha impressão era de estarmos numa cidade minúscula e porto de piratas ingleses, bebedores de rum e usurpadores de mulheres.
O aeroporto era opressivo por conta de muitos militares realizando revistas. Soube depois que havia uma forte onda de tráfico de drogas para a ilha, uma vez que haviam muitos turistas estrangeiros que eram usuários e a droga era parte do cardápio dos resorts.
Pegamos um taxi e a cidade se desvendou nas sombras da noite. De fato era uma escuridão de dar medo. Nos muros, pichações com os termos, ‘a revolução é viva’, ‘viva Cuba, ‘viva a revolução’, ‘a revolução somos nós’, e por aí vai. Acrescente copias da famosas foto de Che.. De fato cheguei em Cuba. Chegei no único regime comunista do planeta.

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GRAVURAS

O gravado constitui uma das minhas principais formas de expressão. Fascinado pelos gravadores do expressionismo alemão, sempre imaginei alcançar a magia de reproduzir um desenho com a delicadeza de Otto Mueller (1874-1930) ou a crítica social de Grosz (1893-1959), Otto Dix (1891-1969), ou o próprio Ernst Ludwig Kirchner (1880–1938) fundador da Die Brücke * ( a ponte).
A forma gráfica definida pela gravura do expressionismo alemão não resultou, de maneira imediata, na tentativa de seguir a técnica. Ela se manifestou pelo Kiri -ê, no qual o artista realiza suas ilustrações por meio do gravado em papel. A técnica é originária da China onde é executada em papel de arroz e deve manter estrutura original do suporte.
Entretanto o que me interessou foi o resultado plástico obtido com a técnica, empregando papeis mais grossos e negros. A solução de superfícies e linha se assemelhava fortemente com as gravuras dos artistas alemães.

Em 1983 e 1987, realizei duas exposições com desenhos realizados com esta técnica no papel no Centro Cultural São Paulo e no Franz Café. Nesse período tentei a reproduzir os trabalhos por meio de serigrafia, os quais resultaram impressões surpreendentes. A partir de então, estas serigrafias passaram a me estimular a tentar uma gravação usando o mesmo método de impressão que utilizava para a xilogravura (impressão usando pressão por meio de uma colher sobre papel de arroz). Entretanto o sonho de usar papel como matriz, só veio se concretizar em 2008.
A técnica me fascinou uma vez que não era necessário grande recurso na compra de madeira ou goivas e, ao mesmo tempo, poderia ser praticada por qualquer pessoa. Para esta técnica bastava um bom estilete, um cartão (papel com 400g) e criatividade.
Evidentemente, a durabilidade da matriz de papel é muito menor que as demais matrizes convencionais. Entretanto, como já mencionei, é muito prática e com características expressivas particulares.
Tal como a xilogravura em cortes de topo ou de fio, a experiência com outros materiais, em decorrência de sua resistência ao corte das goivas, definem um resultado específico para a gravura. Algumas destas experiências podem ser vistas nas imagens abaixo.


*Grupo de artistas expressionistas alemães formado em1905 em Dresden

rosto de homem

rosto de homem
gravura com matriz de papel - 2008

homem

homem
Xilogravura - 2006

ribeirinha

ribeirinha
xilogravura - 1986

perfil

perfil
Xilogravura - 1984

mulher apoiada

mulher apoiada
gravura com matriz de papel - 2008

Sangue

Sangue
Foto Rogerio Bessa Gonçalves (2003) - Edifício Copan - Arq. Oscar Niemeyer - São Paulo

Balanço

Balanço
Foto Rogerio Bessa - 2004 - Museu Oscar Niemeyer - Curitiba

Foto Rogerio Bessa (2005) -Viaduto Sta. Efigênia - São Paulo

Foto Rogerio Bessa (2005) - São Paulo

Lilás

Lilás
Foto Rogerio Bessa - 2005 - Avenida São Luiz - São paulo

ontem

ontem
Foto Rogerio Bessa (2005) - São Paulo

sugar bread

sugar bread
Rio - 2008

copan

copan
Foto Rogerio Bessa (2005) - São Paulo