domingo, 24 de fevereiro de 2013

Azaração Midiática – 02


Azaração Midiática – parte 02

O táxi que pegamos era um Lada (Russo). Resquícios da presença da URSS, maior parceiro de Cuba até 1985 quando houve a Prestroika de Mikhail Gorbachev. Esta data marca o inicio do inferno astral de Cubano.
Já conhecia alguns professores Cubanos os quais havia encontra em San Luis de Potosi no México e, portanto, o sotaque “cuano” (os lábios não se tocam para dizer Cubano) já era familiar. O Motorista, negro esguio, tinha as voz grave e falava rápido e com sotaque, de forma que dificultou minha compreensão. Eu não o compreendia e ele um pouco do meu portunhol. Mesmo assim tive de pagar o mico de entregar o voulcher do hotel para que pudesse localizar nosso destino.
No caminho, ainda que escuro, percebia muita obras de edifícios altos e distintos dos que havia visto ao sair do aeroporto. Indaguei o motorista sobre do que se tratava e ele disse que eram empreendimentos estrangeiros. Hotéis, resorts franceses e espanhóis.
Vedo as obras em curso e mais tranquilo, treinado o ouvido ao sotaque, comecei uma conversação com o taxista indagando se sabia de algum arquiteto brasileiro trabalhando nos projetos. Penso ter ouvido o nome do Paulo Mendes da Rocha.
Aqui eu paro um pouco por que o assunto virou um debate de cozinha com a Cristina, a qual afirmou que o taxista disse que não sabia. Bem diante do tempo e após consultar meus alfarrábios bibliográficos, acho que ela tem razão. Atribuo este escorregão da memória a minha senilidade.
Fechando este parêntese e continuando minha história o sujeito, taxista, desembestou a falar da situação econômica de Cuba. Os temas eram o aumento do tráfico de drogas, a prostituição destinada aos turistas (muitos iam para a ilha procurando sol, rum, um puro, e as mulheres cubanas), e o grave problema do embargo americano.
Nesse ponto deteve-se mais dada sua indignação com o problema e mencionado a injustiça do ‘dono do mundo’ para com o povo cubano. ‘ deixe nos viver em paz’. Dizia que inda assim o povo cubano era de grande criatividade e resolvia os problemas com um jeitinho. O mesmo jeitinho que fazia rodar sua frota de automóveis da década de 50 sem ter peças de reposição. Fabricavam o necessitavam.
Gozado, não me recordo da Yoani Sánchez, bem como a mídia, tenha dito algo sobre o embargo americano.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Azaração Midiática – parte 01

Azaração Midiática – parte 01

Há doze anos estive com a Cri em Cuba para a apresentação de um trabalho acadêmico em um congresso latino-americano. Chegamos a Havana às 22hs. Pela janela do avião observava uma cidade de, no máximo quinhentos mil habitantes quando na realidade havia 2,2 milhões.
Ao chegarmos, um bando de ‘brasileños’ bateram palmas quando o avião da Copa (panamenha) aterrou. Loirassas e suas caras-metades, com destino a Varadero.
Chegamos e fomos direto para um hotel na cidade para pernoitar e sairmos na manhã seguinte, com destino a Santiago de Cuba.
Antes da viagem procurei controlar mina apreensão como sempre faço em uma viagem internacional. No caso era muito mais que uma viagem internacional. O destino era um país com um regime político e econômico totalmente distinto de qualquer outro pais.
Acrescento, para bem informar, que não era um desconhecedor da história recente de Cuba. Já havia lido alguns livros, os quais estavam bem longe do ‘a ilha’ do Fernando Morais. Ainda assim, ao chegar, minha impressão era de estarmos numa cidade minúscula e porto de piratas ingleses, bebedores de rum e usurpadores de mulheres.
O aeroporto era opressivo por conta de muitos militares realizando revistas. Soube depois que havia uma forte onda de tráfico de drogas para a ilha, uma vez que haviam muitos turistas estrangeiros que eram usuários e a droga era parte do cardápio dos resorts.
Pegamos um taxi e a cidade se desvendou nas sombras da noite. De fato era uma escuridão de dar medo. Nos muros, pichações com os termos, ‘a revolução é viva’, ‘viva Cuba, ‘viva a revolução’, ‘a revolução somos nós’, e por aí vai. Acrescente copias da famosas foto de Che.. De fato cheguei em Cuba. Chegei no único regime comunista do planeta.

sábado, 2 de fevereiro de 2013


Amigos

Um belo dia paulistano com um sol com céu de brigadeiro’; assim dizia meu pai. Bem, pelo menos até agora onde uma chuva prazenteira banha Sampa.
Caminhando com meu amor pela paulista, encontrei vários amigos os quais já havia combinado um encontro para um café na Cultura. Prof. Dr. Nemi Tala um home extraordinário. Físico experimental, o qual teve o prazer de conhecê-lo nos idos de 1988, ao lado do com o prof. Dr Sala um dos ícones da física mundial. Pessoas extraordinárias e simples dadas à proeminência que possuem entre seus pares dessa especialidade da Física.
Embora, em 1988, tenha começado a projetar o LINAC (acelerador de partículas) sob orientação do Sala, terminei o projeto com a supervisão do Neme.
Este último se transformou num verdadeiro irmão de armas a começar pelo fato de ser corinthiano. O Neme acabou por se transformar num grande amigo nestes 25 anos de USP. Foi com ele e a Marta (sua esposa) que eu e a Cris tivemos o grande prazer de compartilhar um cafezinho na livraria do c. nacional.
No Le Vin, conclusão da nossa peregrinação de sábado, encontrei com outra figurinha rara (não tão rara assim) que a tende pelo nome de Nei Caldato;irmão de outro grande amigo dos velhos tempos da FAU-SANTOS; prof. Dr. Gino Caldato.
O irreconhecível, Nei, arquiteto e também prof. da FAU-SANTOS, coberto sob madeixas brancas, é um arquiteto e historiador de mão cheia. Infelizmente nossa amizade, assim como o Gino, empalideceu após nossas formaturas. Talvez por minha culpa por não ter regado suficientemente esta flor de amizade como devia. Lamento muito esta distância, na medida em que éramos muito próximos: Gino, Cesar e eu. Lamento profundamente.
Entretanto este reencontro trouxe uma perspectiva de ressuscitar esta velha amizade. Aliás, como tenho tentado com outros diversos colegas da FAUS. Alguns eu tive sucesso (Carmelo, Jacaré, Olegário, Zé Costa, Edson Sampaio – padre, Sandra – esposa do Edson, Rita Grimm) e com outros, nem tanto.
Hoje, aqueles que souberam envelhecer com dignidade, podem tirar um proveito enorme de um bate papo alegre com os velhos amigos que, certamente, não são mais aqueles com os quais vivemos todos os dias no Campus para rir, namorar, chorar, beber, dançar.....e por aí vai.  E hoje! Como somos hoje?...Quem quer saber?
Certamente melhores! Assim sendo, que bom seria nos vermos, confortavelmente sentados numa poltrona, para um café.
Bem assim é a vida....algumas amizades ficam pelo caminho, outras se mantém e outras aparecem do nada.
Há aqueles que não souberam envelhecer ou não perceberam o tempo. Pretendem um embate com esse Senhor que não respeita quem não o respeita.
Querem ser jovens, embora velhos. Deles eu faço questão de não reencontrá-los ou mesmo peço que não aceitem meu convite para bebermos um cafezinho. Ficaria muito deprimido.
Erro meu, talvez. Afinal sou humano e seletivo.
Para todos os que ficaram, surgiram ou se mantém como amigos eu dedico esta ilustração a qual resolvi chamá-la de ‘amigos’.

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GRAVURAS

O gravado constitui uma das minhas principais formas de expressão. Fascinado pelos gravadores do expressionismo alemão, sempre imaginei alcançar a magia de reproduzir um desenho com a delicadeza de Otto Mueller (1874-1930) ou a crítica social de Grosz (1893-1959), Otto Dix (1891-1969), ou o próprio Ernst Ludwig Kirchner (1880–1938) fundador da Die Brücke * ( a ponte).
A forma gráfica definida pela gravura do expressionismo alemão não resultou, de maneira imediata, na tentativa de seguir a técnica. Ela se manifestou pelo Kiri -ê, no qual o artista realiza suas ilustrações por meio do gravado em papel. A técnica é originária da China onde é executada em papel de arroz e deve manter estrutura original do suporte.
Entretanto o que me interessou foi o resultado plástico obtido com a técnica, empregando papeis mais grossos e negros. A solução de superfícies e linha se assemelhava fortemente com as gravuras dos artistas alemães.

Em 1983 e 1987, realizei duas exposições com desenhos realizados com esta técnica no papel no Centro Cultural São Paulo e no Franz Café. Nesse período tentei a reproduzir os trabalhos por meio de serigrafia, os quais resultaram impressões surpreendentes. A partir de então, estas serigrafias passaram a me estimular a tentar uma gravação usando o mesmo método de impressão que utilizava para a xilogravura (impressão usando pressão por meio de uma colher sobre papel de arroz). Entretanto o sonho de usar papel como matriz, só veio se concretizar em 2008.
A técnica me fascinou uma vez que não era necessário grande recurso na compra de madeira ou goivas e, ao mesmo tempo, poderia ser praticada por qualquer pessoa. Para esta técnica bastava um bom estilete, um cartão (papel com 400g) e criatividade.
Evidentemente, a durabilidade da matriz de papel é muito menor que as demais matrizes convencionais. Entretanto, como já mencionei, é muito prática e com características expressivas particulares.
Tal como a xilogravura em cortes de topo ou de fio, a experiência com outros materiais, em decorrência de sua resistência ao corte das goivas, definem um resultado específico para a gravura. Algumas destas experiências podem ser vistas nas imagens abaixo.


*Grupo de artistas expressionistas alemães formado em1905 em Dresden

rosto de homem

rosto de homem
gravura com matriz de papel - 2008

homem

homem
Xilogravura - 2006

ribeirinha

ribeirinha
xilogravura - 1986

perfil

perfil
Xilogravura - 1984

mulher apoiada

mulher apoiada
gravura com matriz de papel - 2008

Sangue

Sangue
Foto Rogerio Bessa Gonçalves (2003) - Edifício Copan - Arq. Oscar Niemeyer - São Paulo

Balanço

Balanço
Foto Rogerio Bessa - 2004 - Museu Oscar Niemeyer - Curitiba

Foto Rogerio Bessa (2005) -Viaduto Sta. Efigênia - São Paulo

Foto Rogerio Bessa (2005) - São Paulo

Lilás

Lilás
Foto Rogerio Bessa - 2005 - Avenida São Luiz - São paulo

ontem

ontem
Foto Rogerio Bessa (2005) - São Paulo

sugar bread

sugar bread
Rio - 2008

copan

copan
Foto Rogerio Bessa (2005) - São Paulo