sábado, 2 de março de 2013

Azaração Midiática – parte 03

Azaração Midiática – parte 03
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Vamos sair um pouco do tema Cuba e vamos falar de antropologia. Lembro-me de uma a história contada por um dos irmãos Vilas Boas sobre um indiozinho que brincava com pedrinha, numa aldeia que visitavam. Não sei qual dos três, Claudio, Leonardo ou o Álvaro. Não importa. Fato é que um dele ao se aproximar, percebeu que aquela pedra, do tamanho de uma bola de golfe, era uma esmeralda. Bem, dá o que pensar. O indigenista viu e pensou sobre a pureza daquela sociedade face aos brancos. Se algum branco soubesse a tribo estaria completamente dizimada em dias.
Eles não eram antropólogos. Não consegui distinguir suas formações. Talvez geógrafos. Confesso que não sei da formação destes ‘Homens’. Sei que o grande Darci Ribeiro era antropólogo e acompanhou várias das andanças dos irmãos (desses Homens como poucos foram).
Resumindo; com isso quero dizer que para analisar uma sociedade distinta da nossa, é necessário nos despirmos de preconceitos. Assim como o antropólogo. Para este é um pré-suposto de sua atividade. Caso contrário irá analisar uma sociedade segundo os dogmas de vistas de sua própria cultura social e assim o fizer incorrerá em erros graves como os espanhóis, portugueses e ingleses fizeram nos séculos XV ao XX. Por um ponto de vista o sangue inundou todas as Américas e as Índias.
No século XX continuamos sem aprender nada com nossos erros. Parece até que emburrecemos mais. Hitler, Hirohito, Mussolini, Joseph McCarthy e centenas de outras figuras são exemplos claríssimos da intolerância humana. As crenças cegas são exemplos evidentes de onde o ser humano pode chegar pela intolerância às diferenças de credo, cor, raça e formas de organização social.
Lembro-me de um texto escrito no sec. XVIII pelo admirável príncipe dos filósofos; Voltaire. O texto chama-se ‘tratado sobre a tolerância’*. É inacreditável que homens vêm escrevendo por séculos sobre o tema e ninguém presta atenção a suas vozes. Continuamos julgando e julgando de forma estúpida e ignorante. Pior, sem termos nenhuma base ou conhecimento sobre os fatos. Julgamos apoiados sobre o sólido pilar da ignorância; como na inquisição. Ah.... e temos a cara de pau de nos assustarmos com o que esta última fazia nos porões da Santa Fé. Vamos a baciadas para a Europa. Vemos exposições sobre os instrumentos de tortura da inquisição. Não adianta lermos relatos do século XVII (quando lemos algo). Não conseguimos fazer um link. Não conseguimos gerar síntese e crítica. Continuamos como cegos orientados pelos pontos de vistas de uma mídia estúpida e completamente ignorante.
Bem; estamos felizes com nosso ipads, ipod, iphones,’i-stupidez’. Estamos felizes com nossa ‘democracia’. Ora, o nome tem origem gregas...portanto deve significar algo de bom!....Eles sabiam das coisas!
*Obs.: para que quiser ler, vai à dica: “Tratado sobre a tolerância – a propósito da morte de Jean Calas” – Voltaire – Editora Martins Fontes – São Paulo – 1993.

Estudo 111


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GRAVURAS

O gravado constitui uma das minhas principais formas de expressão. Fascinado pelos gravadores do expressionismo alemão, sempre imaginei alcançar a magia de reproduzir um desenho com a delicadeza de Otto Mueller (1874-1930) ou a crítica social de Grosz (1893-1959), Otto Dix (1891-1969), ou o próprio Ernst Ludwig Kirchner (1880–1938) fundador da Die Brücke * ( a ponte).
A forma gráfica definida pela gravura do expressionismo alemão não resultou, de maneira imediata, na tentativa de seguir a técnica. Ela se manifestou pelo Kiri -ê, no qual o artista realiza suas ilustrações por meio do gravado em papel. A técnica é originária da China onde é executada em papel de arroz e deve manter estrutura original do suporte.
Entretanto o que me interessou foi o resultado plástico obtido com a técnica, empregando papeis mais grossos e negros. A solução de superfícies e linha se assemelhava fortemente com as gravuras dos artistas alemães.

Em 1983 e 1987, realizei duas exposições com desenhos realizados com esta técnica no papel no Centro Cultural São Paulo e no Franz Café. Nesse período tentei a reproduzir os trabalhos por meio de serigrafia, os quais resultaram impressões surpreendentes. A partir de então, estas serigrafias passaram a me estimular a tentar uma gravação usando o mesmo método de impressão que utilizava para a xilogravura (impressão usando pressão por meio de uma colher sobre papel de arroz). Entretanto o sonho de usar papel como matriz, só veio se concretizar em 2008.
A técnica me fascinou uma vez que não era necessário grande recurso na compra de madeira ou goivas e, ao mesmo tempo, poderia ser praticada por qualquer pessoa. Para esta técnica bastava um bom estilete, um cartão (papel com 400g) e criatividade.
Evidentemente, a durabilidade da matriz de papel é muito menor que as demais matrizes convencionais. Entretanto, como já mencionei, é muito prática e com características expressivas particulares.
Tal como a xilogravura em cortes de topo ou de fio, a experiência com outros materiais, em decorrência de sua resistência ao corte das goivas, definem um resultado específico para a gravura. Algumas destas experiências podem ser vistas nas imagens abaixo.


*Grupo de artistas expressionistas alemães formado em1905 em Dresden

rosto de homem

rosto de homem
gravura com matriz de papel - 2008

homem

homem
Xilogravura - 2006

ribeirinha

ribeirinha
xilogravura - 1986

perfil

perfil
Xilogravura - 1984

mulher apoiada

mulher apoiada
gravura com matriz de papel - 2008

Sangue

Sangue
Foto Rogerio Bessa Gonçalves (2003) - Edifício Copan - Arq. Oscar Niemeyer - São Paulo

Balanço

Balanço
Foto Rogerio Bessa - 2004 - Museu Oscar Niemeyer - Curitiba

Foto Rogerio Bessa (2005) -Viaduto Sta. Efigênia - São Paulo

Foto Rogerio Bessa (2005) - São Paulo

Lilás

Lilás
Foto Rogerio Bessa - 2005 - Avenida São Luiz - São paulo

ontem

ontem
Foto Rogerio Bessa (2005) - São Paulo

sugar bread

sugar bread
Rio - 2008

copan

copan
Foto Rogerio Bessa (2005) - São Paulo