sábado, 15 de setembro de 2012

estudo 40


9 comentários:

  1. se a preguiça é seu maior pecado você está se saindo muito bem! vejo um casal nesse estudo, com uma forte relação,uma intimidade fora do comum, faz sentido...? ou é predisposição da observadora... rsrs

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  2. As formas são curiosas. Bati o olho e percebi do que você fala. Entretanto a resposta é a seguinte: quando desenhamos uma obra abstrata limpamos a cabeça de qualquer interferência do real e deixamos as formas falarem por si, sem que exista algum significado. é o que costuma dizer 'forma pela forma'. E é isso mesmo; ou ela lhe agrada pelas cores, texturas, linhas e formas, ou não lhe causa nenhuma impressão.
    Impressão é o papel mais importante das artes plástica. Vem a antes de seu significado. é o impacto inicial que gera um sentimento de prazer, repulsa, tranquilidade, amor, ódio, e por aí vai. Há muito para falar sobre o tema na medida em que consiste num dos cernes das expressões contemporâneas. bjs.

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  3. hummm interessante, entendo o que vc fala, "forma pela forma", racionalmente entendo muito bem, mas será que isso é possível? limpar a cabeça de qualquer interferência do real, não sei... mas certamente é um exercício interessante, quase como uma meditação... acho que não. talvez possa ser mais como abrir uma porta para que o inconsciente se expresse, mas nesse caso, o que na minha opinião, é inevitável, a interferência é maior ainda. de qualquer maneira se eu pudesse resumir a impressão que tive brevemente, diria que é agradável e que gera um sentimento de prazer e intimidade. ou, muito provavelmente, eu precise de mais aulas conceituais sobre a arte abstrata!! rs melhorou!? não!? rsrs

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  4. Não digo que é simples, uma vez que é necessário o deslocamento do real. Eu próprio tenho dificuldades na concepção uma vez que penso que o abstrato é uma arte 'menor'. É como uma lavagem cerebral na qual você foi doutrinado a representar sempre o real. Você pode reparar que eu transito entre o abstrato e o figurativo. Isso ocorre porque não me sinto bem, ou confortável, somente desenhando obras abstratas. Artistas maduros como Klee, Mondrian, Jackson Pollock, entre outros, já não necessitam mais representar nada. Vivem no etéreo do abstrato.
    A segunda questão que você aponta já é mais simples. Conceber uma obra abstrata consiste apenas em trabalhar formas, linhas, superfícies, cores, texturas, materiais...etc. trata-se de pura experimentação onde a ideação tende a busca do equilíbrio conceptivo. Não é a razão que manda; é a própria obra que define o caminho que eu devo seguir. Parece absurdo. Mas imagine um desenho de uma criança. basicamente é a mesma coisa. Ela, criança não possui limites técnicos ou regras pré-estabelecidas. Ela totalmente livre; ex: ela pode pintar um céu de rosa e um ponto vermelho pode representar uma carochinha. O artista também. só que o ponto é só um ponto na composição do desenho...sem significado mas significante em relação ao desenho. Tá difícil né?

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  5. sim está difícil, assim como vc precisa fazer o trabalho inverso da obra figurativa para chegar numa obra abstrata (??). eu preciso inverter toda a minha forma de pensar pra entender o que vc está dizendo!! rs
    mas o que ficou claro pra mim é que é uma tentativa muito interessante, mesmo que fique só no plano das ideias... não sei mais!! rsrs
    por outro lado a forma como as artes plásticas são apresentadas para o público em geral não ajuda, é impressão minha ou sempre somos conduzidos a pensar no que uma obra representa, relacionando com a vida e persolnalidade do autor etc.

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  6. A abstração é muito mais difícil do que a representação da realidade (figurativo). Na verdade não é um processo inverso mas o caminho do figurativo até o abstrato. Ou seja: voce parte de uma obra figurativa clássica (Michelangelo Buonarrote exemplo) e se segue abstraindo de forma a sintetizar formas (ainda um figurativo)ex: impressionismo, expressionismo, cubismo (no Brasil a Tarcila, Anita Malfati, o Mestre Portinari, etc. Se você observar as obras destes artistas, vai perceber que as forma da realidade já estão muito sintetizada; com poucas linha ou cores definem o real. O significado ainda persiste (ainda figurativo). Já os contemporâneos, alguns trabalhando até antes destes artistas Brasileiros, já abstraiam completamente a realidade.
    Por vezes uma tela vermelha possuía o nome de maçã (não me lembro do artista). A obra abstraia quase tudo do objeto real e ficava apenas com a cor do objeto e o título da obra.
    Um pouco mai adiante, os autores abstraiam completamente tudo onde não há nenhum vinculo representativo e a obra adquire, como títulos, apenas números (Ex.: Pollock, Wassili Kandinsky, Mondrian e no Brasil a Tomie, Claudio Tozzi, Baravelli, Lygia Clark.
    Segundo ponto; como ver uma obra:
    Ver a obra é como educar os ouvidos para ouvir uma música clássica, ou uma ópera. é necessário que o ouvinte eduque seu ouvido. Na pintura é a mesma coisa; é necessário que o observador eduque seu olhar. é necessário ver muitas obras para perceber o a beleza do quadro e educar a mente a não buscar, a princípio, uma razão ou um significado. é necessário treino e concentração. Esta é uma razão que, por vezes não é possível ir ao MASP, Pinacoteca ou CCBB para ver um conjunto de obras. O volume de pessoas não permite que você tenha a concentração necessária. Recomendo os livros de arte.
    Quero dizer que este diálogo com você é muito interessante na medida que faz com que possamos raciocinar juntos sobre um tema tão complexo e ao mesmo tempo tão simples. Gostaria de postar este diálogo no Face. Tenho certeza que outras pessoas irão se interessar. bjs.

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  7. já no seu outro comentário, comecei a pensar em outras formas de expressão, como o romance e a poesia, um texto jornalístico e uma ficção, não sei se cabe.
    com relação ao olhar, é necessário educar o olhar para enxergar uma obra, então a arte só tem razão de existir para as elites? a educação, o convencimento do outro pode ser uma maneira de colonizar, acho que foi Saramago que falou algo assim num texto. educar uma nova maneira de olhar não pressupõe que o observador não possui o seu olhar com todas as interferências de sua realidade, e isso deve ser considerado. pensando num contexto amplo, de uma sociedade, eu educo o olhar do outro desprovido de cultura?
    entendo o que vc fala, a partir dessa conversa já não vou olhar pra uma obra da mesma maneira, mas dúvidas ainda são infinitas, pensei que pudesse já estar sendo chata! rs
    mas calma, as respostas não precisam ser imediatas, imagino que o tempo para esses novos olhares e discussões é o de uma vida.
    as questões que coloco com relação a um público maior, de contextos e condições diferentes, acho que são influência do tema do curso que faço Gestão de Projetos Culturais, ao mesmo tempo que tenho aulas de Arte Brasileira Contemporânea e Teoria da Cultura, tenho Gestão de Projetos e Marketing Cultural, isso quase nunca é tranquilo, são linguagens e finalidades conflitantes, vira e mexe me vejo perdida em meio a questões estéticas, éticas e de justiça social...
    acho que fomos bem longe!! rsrs
    pode fazer o que quiser com a conversa! ;)
    quanto a mim, sempre que possível vou me aproveitar disso tudo! beijo.

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  8. Bem Yuna, você colocou várias questões profundas sobre o tema da estética, ética e antropologia social.
    Vamos começar pelo mais fácil onde você indaga se há diferença entre as expressões (artes plásticas, romance, poesia, cinema). Retirando as artes aplicadas como a arquitetura e o design, onde o campo de análise é mais complexo, uma vez que e certas regras da expressão livre, não cabem, podemos dizer, com certeza que os conceitos que viemos discutindo sobre o figurativo e o abstrato persistem. Por exemplo; você já ouviu falar de poesia concreta? Ou do hiperrealismo no romance? Ou dos movimentos ‘Dada’ ou ‘expressionismo alemão, manifesto nas artes plásticas,cinema, poesia, teatro e literatura? E do teatro do absurdo, já viu alguma peça? Pois é.
    Embora as outras expressões não alcancem a vanguarda das artes plásticas (o abstrato), elas caminham para algo muito parecido.
    Tá aí outro conceito importante onde você pode perguntar...”Ahah! então há uma diferença entre as expressões no que tange a sua complexidade de vanguardismo?”

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  9. continuando...acho que tá longo..

    Bem, pelo que os estudiosos György Lukács em sua obra sobre a ‘estética’ há um grau hierárquico evidente nas expressões artísticas sob o prisma de sua complexidade. Entenda ‘complexidade’ como vanguarda.
    Sob a ótica deles as artes plásticas são as mais complexas e de difícil envolvimento pelo observador. Em seguida vem a poesia, depois as outras expressões literárias e depois o cinema e teatro. Aí, de novo , você diz...”como pode ser?...hierarquia nas expressões humanas?”
    Bem, vamos pelo mais fácil...no cinema; você entra na sala, senta numa poltrona, a luz apaga (tudo conveniente e confortável para seu envolvimento com o que irá rolar na tela)...em seguida os atores em movimento e a trama se desenvolve com um fundo musical que reforça as ações do artista e da história....em poucos minutos (se o filme for bom) você está completamente envolvida ...a sua realidade, por duas horas, desaparece. Isso chama-se de ‘catarse’. Ou ‘purificação’ como Aristóteles define quando o publico sai após assistir uma peça de teatro.
    Bem, prosseguindo...um dia você pega na estante um romance do Machado de Assis e, embora possa achar meio modorrento, (não é minha opinião- sou fã de carteirinha dele), resolve Lê-lo. Senta-se novamente na poltrona confortável começa a digerir as primeiras páginas. Até um certo ponto da história o enredo não avança uma vez que a descrição é pesada e a coisa não anda. Lá pelas tantas, sem perceber, você entrou em ‘catarse’ e não quer mais largar o livro...mas precisa para poder ir ao banheiro. Pronto, saiu da catarse e voltou a sua realidade. De novo pega o livro e, ‘puxa, já são dez da noite’...mais uma vez voltamos ao real. Percebe o que acontece. O livro ou texto não permite a catarse total...as vezes até dá, mas se comparar ao cinema, o seu envolvimento com a obra é muito mais lento. É claro, o cinema é dinâmico, possui movimento, música, texto, é um paralelo quase que perfeito do real, ou de outra realidade que não a sua.
    Você diz ...’ainda não sei se me convenci’. Pois então vamos as artes plásticas. Certo dia você resolve ir ao MASP. Chega e ..’oh!...não tem fila!’
    Quebrei o galho da fila para você. Entra e dá de cara com um... (vou facilitar)...Michelangelo. A obra está lá...muda... e você aqui pensando: ‘ por onde começo?.. bem, ele é bem real, parece uma foto!, nisso passa um bando de japoneses na sua frente tirando fotos...pronto...vamos começar tudo de novo! “Qual é o enredo da obra? Uma moça, uma tal de Monalisa...aí você pensa ....’mas o que essa figura tem de tão especial para ser uma das obras mais importantes da humanidade?”
    Então surge uma ligeira sensação de desconforto e você se sente pequenininha diante da obra por não entender porque ela é tão importante. Até este momento você não alcançou nenhuma catarse. Pelo contrário, gerou um certo afastamento da obra por não entende-la muito bem. “Também ela não fala, não anda, não tem musica ...e aqui tá cheio de japoneses que passam toda hora na minha frente...como posso alcançar catarse?.
    Tô brincando...mas é uma alegoria para demonstrar essa hierarquia...
    Bem estou meio cansado e amanha vou procurar continuar ...isto é se você já não está de saco cheio desse blábláblá!
    bjs

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GRAVURAS

O gravado constitui uma das minhas principais formas de expressão. Fascinado pelos gravadores do expressionismo alemão, sempre imaginei alcançar a magia de reproduzir um desenho com a delicadeza de Otto Mueller (1874-1930) ou a crítica social de Grosz (1893-1959), Otto Dix (1891-1969), ou o próprio Ernst Ludwig Kirchner (1880–1938) fundador da Die Brücke * ( a ponte).
A forma gráfica definida pela gravura do expressionismo alemão não resultou, de maneira imediata, na tentativa de seguir a técnica. Ela se manifestou pelo Kiri -ê, no qual o artista realiza suas ilustrações por meio do gravado em papel. A técnica é originária da China onde é executada em papel de arroz e deve manter estrutura original do suporte.
Entretanto o que me interessou foi o resultado plástico obtido com a técnica, empregando papeis mais grossos e negros. A solução de superfícies e linha se assemelhava fortemente com as gravuras dos artistas alemães.

Em 1983 e 1987, realizei duas exposições com desenhos realizados com esta técnica no papel no Centro Cultural São Paulo e no Franz Café. Nesse período tentei a reproduzir os trabalhos por meio de serigrafia, os quais resultaram impressões surpreendentes. A partir de então, estas serigrafias passaram a me estimular a tentar uma gravação usando o mesmo método de impressão que utilizava para a xilogravura (impressão usando pressão por meio de uma colher sobre papel de arroz). Entretanto o sonho de usar papel como matriz, só veio se concretizar em 2008.
A técnica me fascinou uma vez que não era necessário grande recurso na compra de madeira ou goivas e, ao mesmo tempo, poderia ser praticada por qualquer pessoa. Para esta técnica bastava um bom estilete, um cartão (papel com 400g) e criatividade.
Evidentemente, a durabilidade da matriz de papel é muito menor que as demais matrizes convencionais. Entretanto, como já mencionei, é muito prática e com características expressivas particulares.
Tal como a xilogravura em cortes de topo ou de fio, a experiência com outros materiais, em decorrência de sua resistência ao corte das goivas, definem um resultado específico para a gravura. Algumas destas experiências podem ser vistas nas imagens abaixo.


*Grupo de artistas expressionistas alemães formado em1905 em Dresden

rosto de homem

rosto de homem
gravura com matriz de papel - 2008

homem

homem
Xilogravura - 2006

ribeirinha

ribeirinha
xilogravura - 1986

perfil

perfil
Xilogravura - 1984

mulher apoiada

mulher apoiada
gravura com matriz de papel - 2008

Sangue

Sangue
Foto Rogerio Bessa Gonçalves (2003) - Edifício Copan - Arq. Oscar Niemeyer - São Paulo

Balanço

Balanço
Foto Rogerio Bessa - 2004 - Museu Oscar Niemeyer - Curitiba

Foto Rogerio Bessa (2005) -Viaduto Sta. Efigênia - São Paulo

Foto Rogerio Bessa (2005) - São Paulo

Lilás

Lilás
Foto Rogerio Bessa - 2005 - Avenida São Luiz - São paulo

ontem

ontem
Foto Rogerio Bessa (2005) - São Paulo

sugar bread

sugar bread
Rio - 2008

copan

copan
Foto Rogerio Bessa (2005) - São Paulo