Em Florença
tivemos a oportunidade ímpar de visitarmos o museu Uffizi. Fato que devo
agradecer publicamente a Wania e a Cri pela organização impecável dessa
atividade.
Para quem não conhece, consiste no maior museu de obras renascentistas do globo.
Para quem não conhece, consiste no maior museu de obras renascentistas do globo.
De fato é
necessário preparo físico e psicológico para suportar o impacto do que verá nas
salas deste museu. De cara você esbarra com o ‘Nascimento de Venus’ de Botticelli
(1484). Obra do começo do renascimento onde se torna explícito o deslocamento
da figura humana das trevas, tornando-o ator principal no palco da história. É
o período da luz onde o homem renasce como centro do universo. Neste quadro,
sobretudo, o tema escolhido é muito sintomático.
O homem volta a
beber na fonte do clássico grego-romano onde as anotações nos ‘quadernos’ de
Michelangenlo e Da Vinci, sobre os feitos plásticos e arquitetônicos de Roma,
permitiram reposicionar o homem no que se tornará, pelo seu esplendor e
perfeccionismo, um dos movimentos mais extraordinários da expressão e do
conhecimento humano.
A organização do
museu é soberba, na medida em que permite um avanço cronológico no
renascimento. Desta forma podemos observar, com clareza, o avanço técnico e
temático à luz dos anos. O museu nos apresenta de forma cristalina, a construção desse homem-luz.
A Itália permite
estas surpresas e Florença é um dos ápices, (senão o ápice) das emoções. Portanto,
é necessário que o espirito esteja preparado para tamanho choque ao ficarmos frente as obras mais significativas da humanidade. Posso dizer, sem
sombra de dúvida, que o resgate renascentista do perfeccionismo grego-romano
alcançou o feito que pode parecer (e nos parece ser até hoje) algo inatingível
em termos técnicos e expressivos. Fico devendo a explicação sobre o tema
‘interpretação’ uma vez que consiste em um capítulo totalmente à parte.
Lembro-me das
palavras de um velho viajante: ‘sei por que viajei . Em minha opinião não basta
viajar. É necessário se envolver de corpo e alma no é visto e ter olhos para
ver. Ainda assim, acho muito provável que não verá, dado o grau de apreensão necessário, na medida em que a escala possui a dimensão da história humana.
De fato; é uma
tarefa quase impossível onde talvez possamos absorver uma quimérica partícula
dessa obra e, mesmo assim, penso que só isso nos basta, na medida em que adquirimos
certa consciência da dimensão e profundidade do que há por traz de uma obra de Giotto. Acho que já é o suficiente.
É necessário ver
para termos uma leve ideia do conjunto histórico e saber um pouquinho mais do
que sabíamos antes de termos visto. Longe de ser pretensioso; muito pelo
contrário. Após o que vi, ficou maior minha sensação de insignificância frente à
história e maior é minha humildade por ter consciência de minha ignorância. É um prazer,
irreversível, de conforto e paz de espírito, na medida em que me reagrego neste
caleidoscópio de sensações erráticas, decorrentes do ritmo de nosso cotidiano.
Após o que vi me sinto mais humano por que consigo me localizar no seio dessa
história.
Com o que vi,
acrescento algumas peças no meu ‘quebra-cabeça’ de informações, os quais se
transformam em análise crítica sobre este trecho da história.
São parcos
conhecimentos e sei que não terei vida suficiente para saber.
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